quarta-feira, 14 de março de 2012

Ƭarik,

Depois que o vento se aliou às flores já não sei mais como fugir do seu cheiro de alecrim projetado dos meus sonhos em forma de luz. Luzes que saíram das mãos de um anjo, cujo nome disse ser Miguel, para enfeitiçar-me o sono e esquecer-me do dia, das horas, da vida. Esquecer-me que a vida não é uma nuvem de sonhos, que os sonhos não estão limitados a um período restrito de tempo diário.
Não, para Miguel não. O proibido agora é acordar.
O presente se tornou apenas uma emanação fluídica semi leitosa do meu futuro, que é o presente que agora vivo. (Pois um sonho é sempre futuro) E o passado é só a marca do lápis que permanece na folha depois que a borracha cumpre seu papel. Uma marca que só mostra que algo já existiu ali, mas que é impossível de ser resgatada. O futuro que devaneio agora são nuvens com gosto de algodão doce, olhos de ciclone, de furacão, de tsunami.
E é assim que me sinto, diminuída a um fragmento de pétala perto da fúria desses Deuses. Passível de ser quebrada, apagada de onde vivo em um instante imperceptível. Não, Miguel, não quero me quebrar.
Me ponho com medo de dormir e com medo de acordar. Nenhum dos dois trará minha estrela da manhã. Ao acordar posso descobrir que talvez ele só virá com meus olhos fechados.

Percebo que é melhor continuar sonhando, ou vivendo com os olhos bem fechados:
 Eu só não quero ficar sem Ƭarik.